No caminho da Estrada de São Lázaro, indo para a aula de história da África em um dia de sexta-feira,encontro em um poste dois pratos de isopor,um tinha a cor azul e o outro era branco,até aí seria normal pra qualquer pessoa.Mas o que estava dentro desses recipientes coloridos e a disposição desses elementos em meio a tal localidade,é que toma tudo,no mínimo curioso e intrigante.
Dentro desses pratos havia rodelas de tomate,cebola e pimentão.Fato que olhado de forma corriqueira seria um resto de alguma salada,lixo residencial ou algo do tipo,entretanto,quando há uma apuração mais específica,existe o questionamento: o que é isso mesmo? E de forma grosseira surge: Que bozó é esse? Diferente,não? Antigamente não era assim! Não se faz mais como antes!
Seria uma oferenda a Yemanjá de forma ligth-diet e a la vinagrete?
E ainda questionando... de que terreiro saiu tal proposta de trabalho?Seria de uma casa em forma de academia que tem o acompanhamento nutricional com um pai-de-santo personal trainer e as filhas de santo super saradas, com altas roupas ligadas ao corpo e um torço na cabeça? Os atabaques seriam em forma de anilas (pesos)?
Preferi não devagar mais e passar para o lado crítico da reflexão,mas ainda calcado em muitas questões.
Um ebó; pensei ter elementos como um senhor prato de barro, alimentos nada dietéticos,mas que já impactariam na beleza e candura dos Orixás e das iaôs; como uma amarela farofa de dendê, um denso e atraente vatapá, a luminosidade de velas coloridas; dependendo da entidade. A cachaça e muitos outros elementos já bastante conhecidos e repassados de geração em geração.
“Para não perder o costume”. Há o início de uma sensação de injustiça,intrometimento sem conhecimento de causa, a necessidade de “desafricanizar” a coisa, de forma sorrateira,como tem sido o preconceito nos tempos, e ouve-se expressões do tipo: eu não tenho nada contra! ( como se não tivesse nome)
Talvez realmente tenha visto um bozó mesmo, algo que não tem significado em nenhum dicionário, que é uma palavra desconhecida pala tradição africana e que dentro do contexto citado não pode ser pisado mesmo, pois as quedas proporcionadas pelos condimentos existentes, seriam dignas de se chamar de malditas e causadoras de danos horríves como a paraplegia.
Voltando para a atualidade, e ainda questionando, a invocação seria necessária dentro de um contexto religioso em que a essência está na tradição? Somente pelo fato de inovar?Só porque ser diferente está na moda, e de tantos muitos quererem ser diferente se tornam igual, pois adotam as mesmas diferenças.
Não se trata de rejeitar o que há de novo, pois o que é útil e o que serve para melhorias será sempre bem vindo, mas o desrespeito e invasão sem nem sequer pedir licença a uma cultura já sedimentada e completa, através de artifícios importados e que veladamente possui cunho racista,nada tem a acrescentar ao candomblé.
Dentro desses pratos havia rodelas de tomate,cebola e pimentão.Fato que olhado de forma corriqueira seria um resto de alguma salada,lixo residencial ou algo do tipo,entretanto,quando há uma apuração mais específica,existe o questionamento: o que é isso mesmo? E de forma grosseira surge: Que bozó é esse? Diferente,não? Antigamente não era assim! Não se faz mais como antes!
Seria uma oferenda a Yemanjá de forma ligth-diet e a la vinagrete?
E ainda questionando... de que terreiro saiu tal proposta de trabalho?Seria de uma casa em forma de academia que tem o acompanhamento nutricional com um pai-de-santo personal trainer e as filhas de santo super saradas, com altas roupas ligadas ao corpo e um torço na cabeça? Os atabaques seriam em forma de anilas (pesos)?
Preferi não devagar mais e passar para o lado crítico da reflexão,mas ainda calcado em muitas questões.
Um ebó; pensei ter elementos como um senhor prato de barro, alimentos nada dietéticos,mas que já impactariam na beleza e candura dos Orixás e das iaôs; como uma amarela farofa de dendê, um denso e atraente vatapá, a luminosidade de velas coloridas; dependendo da entidade. A cachaça e muitos outros elementos já bastante conhecidos e repassados de geração em geração.
“Para não perder o costume”. Há o início de uma sensação de injustiça,intrometimento sem conhecimento de causa, a necessidade de “desafricanizar” a coisa, de forma sorrateira,como tem sido o preconceito nos tempos, e ouve-se expressões do tipo: eu não tenho nada contra! ( como se não tivesse nome)
Talvez realmente tenha visto um bozó mesmo, algo que não tem significado em nenhum dicionário, que é uma palavra desconhecida pala tradição africana e que dentro do contexto citado não pode ser pisado mesmo, pois as quedas proporcionadas pelos condimentos existentes, seriam dignas de se chamar de malditas e causadoras de danos horríves como a paraplegia.
Voltando para a atualidade, e ainda questionando, a invocação seria necessária dentro de um contexto religioso em que a essência está na tradição? Somente pelo fato de inovar?Só porque ser diferente está na moda, e de tantos muitos quererem ser diferente se tornam igual, pois adotam as mesmas diferenças.
Não se trata de rejeitar o que há de novo, pois o que é útil e o que serve para melhorias será sempre bem vindo, mas o desrespeito e invasão sem nem sequer pedir licença a uma cultura já sedimentada e completa, através de artifícios importados e que veladamente possui cunho racista,nada tem a acrescentar ao candomblé.
- Jucimar Cerqueira
Graduando em História pela Universidade Federal da Bahia.
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